segunda-feira, 24 de novembro de 2014

10º ENCONTRO DA ESPECIALIZAÇÃO DO CAMPO – PAU DOS FERROS/RN: 22/11/14 –


Neste sábado, dia 22/11, os professores dos Saberes da Terra da Serra do Mel/RN cumpriram mais uma jornada da Especialização em Educação do Campo no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, na cidade de Pau dos Ferros/RN.

Embalados por uma manhã que despontava preguiçosa, depois de uma noite em que a terra foi molhada por uma chuva fina – na cidade onde eles moram –, no carro, os professores Raimundo Antonio, Teresa Cristina, Elizângela Sales e Luzia Isabela – que levava sua filhinha Ayane pela 2ª vez (nome de origem francesa que significa “Amável”) – percorriam com os olhos os campos que a estrada cortava para ir em busca do destino daqueles educadores.

Na imagem vista por cada um, enquanto os seus moradores acabavam de acordar para mais um dia de labuta, ainda a aridez da terra, a poeira fina da seca e o mato com suas folhas cinza denotavam que o milagre das lágrimas do Senhor ainda não tinha passado por aquelas bandas.

No IF de Pau dos Ferros, como sempre, a primeira recepção é no refeitório, com o café da amanhã. É no refeitório que as novidades são contadas...

Os professores contaram com a presença de dois novos pós-graduandos...
A segunda recepção, desta vez, foi feita pelo professor Felipe Morais – de Linguagens e Códigos –, no auditório, que aproveitou o momento para declamar o poema de Ferreira Gullar intitulado “O Açúcar”...


"O branco açúcar que adoçará meu café 
nesta manhã de Ipanema 
não foi produzido por mim 
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro 
e afável ao paladar 
como beijo de moça, água 
na pele, flor 
que se dissolve na boca. Mas este açúcar 
não foi feito por mim.
Este açúcar veio 
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. 
Este açúcar veio 
de uma usina de açúcar em Pernambuco 
ou no Estado do Rio 
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana 
e veio dos canaviais extensos 
que não nascem por acaso 
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital 
nem escola, 
homens que não sabem ler e morrem de fome 
aos 27 anos 
plantaram e colheram a cana 
que viraria açúcar.
Em usinas escuras, 
homens de vida amarga 
e dura 
produziram este açúcar 
branco e puro 
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema".

Em seguida, o professor Felipe propôs uma dinâmica voltada para a troca de aptidões. Cada professor procurou um par. Quando formada a dupla, cada um comprava, do outro, aquilo que mais admirava e que estava escrito numa folha de papel.


Na pauta do dia a Economia Solidária. Novamente, o professor Felipe começou perguntando para cada um dos participantes, o que era Economia Solidária. Todas as respostas foram condizentes com a pergunta:

“Troca por necessidade”
“Partilha de tudo que for necessidade”
“É um sonho que construímos em contrarresposta ao capitalismo”
“Uma semente para se pensar em solidariedade”


Após as falas, o professor Felipe exibiu um vídeo intitulado “Economia Solidária: uma outra economia acontece”.

Assista ao vídeo clicando na imagem...


Em seguida, o professor Luciano Dutra usou da palavra para falar sobre:

            Divisão das salas
            Discussão da Economia Solidária – tema proposto no último encontro (01/11)
            Início das atividades do TCC
            Próximo encontro (dia 13/11)
            Município responsável pela próxima acolhida: Cel. João Pessoa
            Cadastro dos alunos na Biblioteca


Salas:
Tema: Desenvolvimento solidário: significado e estratégia (Paul Singer)

Sala Felipe e Abreu


Sala Márcio


Sala Luciano Dutra


Na sala Felipe e Abreu, alguns trechos dos poemas de Drummond de Andrade, foram colocados na lousa para a reflexão paralela ao texto de Paul Singer.

“Preso à minha classe e a algumas roupas,Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me” (
O Pensador).

“Os bancos triturando suavemente o pescoço do açúcar” (Nosso Tempo).

“ – Que século, meu Deus!, diziam os ratos. E começavam a roer o edifício” (Edifício Esplendor).

“Sou um homem, ou pelo menos quero ser um deles” (Noite na Repartição).

Os versos foram intermediados pelas palavras que fazem parte do vocabulário da vida no campo, agricultura familiar e economia solidária:

            Cooperação
            Autogestão
            Dimensão econômica
            Solidariedade
            Etno desenvolvimento
            Economia feminista
            Agroecologia

Hora do almoço...


Na volta, às 13 horas, os professores voltaram para as suas devidas salas e, lá, foram convocados para apresentarem uma proposta baseada na economia solidária partindo do pressuposto que a economia solidária prioriza a saúde de seus participantes e é solidária com o meio ambiente. A proposta sugeria refletir sobre o processo produtivo de forma emancipatória.

A sala Felipe e Abreu se preparando para apresentar
Os Grupos da Sala Felipe e Abreu

Serra do Mel

Os professores da Serra do Mel...
antes de suas apresentações fizeram uma dinâmica com todos os outros grupos 
Apresentando...
Martins


Caraúbas


Janduís


Felipe Guerra


Almino Afonso


Das propostas apresentadas, algumas sugestões foram anotadas, porém ficou claro que o maior entrave, para que as coisas voltadas para a agricultura familiar e uma economia solidária acabem por se solidificar nas comunidades assistidas pelo programa Saberes da Terra é a falta de interesse por parte da política.

Algumas propostas...

            Feiras agroecológica
            Criação de grupos para a extração da palha de carnaúba
            Assistência técnica
            Fortalecimento das unidades produtivas
            Implantação das unidades de beneficiamentos
            Resgate dos programas de compras governamentais – PAA
            Implantação de cooperativas de produção/comercialização e serviços – ATP
            Reeducação solidária
            Formar feiras livres nas próprias comunidades

Lanche...


No último momento, os professores orientadores falaram sobre o TCC – Trabalho Conclusão de Curso – mostrando quais os requisitos para técnicos e graduados:

            Para técnicos: memorial
            Para graduados: memorial e trabalho acadêmico


Cada professor recebeu uma folha denominada “Projeto de Pesquisa”, onde, em cada item, está inserido o que deve ser feito:

            Tema
            Questão de pesquisa
            Objetivos (geral e específicos)
            Justificativa
            Referencial teórico
            Metodologia
            Resumo informativo

Na saída, levando para as suas comunidades os sonhos que um dia poderão se tornar realidade, cada professor agradecia por mais um dia de profícuos debates e absorção de variados conhecimentos ligados a terra.



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